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Fibromialgia: uma dor invisível


Como explicar uma dor excessiva por todo o corpo, sem nenhuma causa aparente? Você não fez nenhuma atividade que pudesse lhe causar tanta dor pelo corpo. Seu corpo e mente parecem ficar em câmera lenta. Você sente um cansaço fora do comum. Não importa quantas horas durma, ainda assim acorda esgotado. Existem alterações visíveis na sua memória, atenção e você começa a dar sinais de ansiedade e depressão. A fibromialgia é silenciosa e gosta de se camuflar. 

A fibromialgia é uma síndrome clínica que manifesta-se através de dor em todo o corpo, principalmente na musculatura, Juntamente com essa dor estão sintomas como fadiga, sono não reparador, alterações de memória e atenção, depressão e alterações intestinais. Uma característica clara da pessoa com fibromialgia é a extrema sensibilidade ao toque e à compressão da musculatura. 

A cada dez pacientes com fibromialgia, de sete a nove são mulheres, não havendo um motivo clínico para isso acontecer, afinal essa condição não tem relação com os hormônios, levando em conta que afeta mulheres tanto antes quanto depois da menopausa. 

O sintoma mais comum da fibromialgia é a dor pelo corpo. Geralmente, o paciente tem dificuldade de definir quando começou a dor e se ela começou de maneira localizada. A dor é sentida nos ossos, músculos ou ao redor das articulações. Existe uma maior sensibilidade ao toque, sendo que muitos pacientes não toleram ser agarrados ou mesmo abraçados. Não há inchaço das articulações na fibromialgia, pois não há inflamação nas articulações. A sensação de inchaço pode aparecer pela contração da musculatura em resposta à dor.

A alteração do sono é frequente, afetando quase 95% dos pacientes. O sono tende a ser superficial ou interrompido. Com o sono profundo interrompido, a qualidade de sono decai muito e a pessoa acorda cansada, mesmo que tenha dormido por um longo  tempo. Esta má qualidade do sono aumenta a fadiga, a contração muscular e a dor. Outros problemas no sono afetam os pacientes com fibromialgia. Alguns apresentam a Síndrome da Apneia do sono e param de respirar durante a noite e outros tem a Síndrome das Pernas Inquietas.

A fadiga é outro sintoma e parece ir além ao causado somente pelo sono não reparador. Os pacientes apresentam baixa tolerância ao exercício, o que é um grande problema, já que a atividade física é um dos grandes tratamentos da fibromialgia.

A depressão está presente em 50% dos pacientes. Isto quer dizer que a depressão é comum nestes pacientes e que nem todo paciente com fibromialgia tem depressão. Por muito tempo pensou-se que a fibromialgia era uma depressão mascarada. Hoje, sabemos que a dor da síndrome é real e não se deve pensar que o paciente está manifestando um problema psicológico através da dor. Por outro lado, não se pode deixar a depressão de lado ao avaliar um paciente com fibromialgia. A depressão, por si só, piora o sono, aumenta a fadiga, diminui a disposição para o exercício e aumenta a sensibilidade do corpo. Ela deve ser detectada e devidamente tratada se estiver presente.

Pacientes queixam-se muito de alterações de memória e de atenção e isso se deve mais ao fato de a dor ser crônica do que a alguma lesão cerebral grave. Para o corpo, a dor é sempre um sintoma importante e o cérebro dedica energia lidando com esta dor e outras tarefas, como memória e atenção, ficam prejudicadas.

Os paciente queixam-se muito também de dores de cabeça recorrente ou enxaqueca clássica, dor pélvica e dor abdominal sem causa identificada, a famosa síndrome do intestino irritável. Eles tem ainda dormência e formigamento nas mãos e pés e palpitações.

As dores da fibromialgia atingem principalmente o sistema musculoesquelético do paciente que apresenta a doença e são representadas pelos seguintes pontos: região da coluna cervical, coluna torácica, cotovelos, nádegas, bacia e joelhos.

O diagnóstico da fibromialgia é clínico, isto é, não se necessitam de exames para comprovar que ela está presente. Se o médico fizer uma boa entrevista clínica, pode fazer o diagnóstico de fibromialgia na primeira consulta e descartar outros problemas. Na reumatologia, são comumente usados critérios diagnósticos para se definir se o paciente tem uma doença reumática ou outra. Isto é importante especialmente quando se faz uma pesquisa, para se garantir que todos os pacientes apresentem o mesmo diagnóstico. Muitas vezes, estes critérios são utilizados também na prática médica.

Os critérios de diagnóstico da fibromialgia são: dor por mais de três meses em todo o corpo e presença de pontos dolorosos na musculatura (11 pontos de 18 que estão pré-estabelecidos). Deve-se salientar que muitas vezes, mesmo que os pacientes não apresentem todos os pontos, o diagnóstico de fibromialgia é feito e o tratamento iniciado. Estes critérios são alvo de inúmeras críticas, quanto mais pontos se exigem, mais mulheres e menos homens recebem o diagnóstico. Além disso, esses critérios não avaliam sintomas importantes na síndrome, como a alteração do sono e fadiga. Provavelmente o médico pedirá alguns exames de sangue, não para comprovar a fibromialgia, mas para afastar outros problemas que possam simular esta síndrome.

As causas da fibromialgia ainda são desconhecidas, mas existem vários fatores que estão frequentemente associados a esta síndrome:  genética (a fibromialgia é muito recorrente em pessoas da mesma família, o que pode ser um indicador de que existem algumas mutações genéticas capazes de causar a síndrome); infecções por vírus e doenças autoimunes também podem estar envolvidas nas causas da síndrome; distúrbios do sono, sedentarismo, ansiedade e depressão também podem estar ligados de alguma forma; trauma físico ou emocional (a fibromialgia às vezes pode ser desencadeada por um trauma físico, o estresse psicológico também pode desencadear a condição).

O que não mais se discute é se a dor do paciente é real ou não. Hoje, com técnicas de pesquisa que permitem ver o cérebro em funcionamento em tempo real, descobriu-se que pacientes com a síndrome realmente estão sentindo a dor que referem. Mas é uma dor diferente, onde não há lesão na periferia do corpo, e mesmo assim a pessoa sente. Esse melhor entendimento da síndrome indica que muitos sintomas como a alteração do sono e do humor, que eram considerados causadores da dor, na verdade são decorrentes da dor crônica e da ativação de um sistema de stresse crônico. Entretanto, mesmo sem serem causadores, estes problemas aumentam a dor dos pacientes e devem também ser levados em consideração na hora do tratamento.

A medicina ainda não desenvolveu um método para curar a fibromialgia. Contudo, o prognóstico é melhor hoje do que nunca. Com o tratamento indicado é possível ter o controle dos sintomas. O tratamento de fibromialgia é mais eficaz quando são unidos medicamentos e cuidados não medicamentosos. O foco é evitar a incapacidade física, minimizar os sintomas e melhorar a saúde de modo geral. O tratamento pode envolver: fisioterapia, programa de exercícios e preparo físico, métodos para alívio de estresse, incluindo massagem leve e técnicas de relaxamento e Terapia Cognitivo Comportamental que é importante para lidar com pensamentos negativos, manter um diário de seus sintomas e dores, reconhecer o que agrava os sintomas, buscar praticar atividades agradáveis, estabelecer limites. Outras recomendações são seguir dieta bem balanceada, evitar cafeína, manter uma boa rotina de descanso para melhorar a qualidade do sono, acupressão e acupuntura.  


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