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Compulsão alimentar e a ansiedade


De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem uma das taxas mais altas de pessoas com transtorno de ansiedade no mundo. A ansiedade pode afetar as pessoas de maneiras muito distintas, chegando até a mudar drasticamente nossa relação com a comida. Nesses tempos cheios de angústias e incertezas, buscamos uma válvula de escape para algum tipo de conforto e satisfação momentânea. No entanto, esse escape pode acabar virando um ciclo vicioso muito difícil, mas não impossível, de se reverter.

Estudos recentes indicam que o consumo de açúcar e gordura libera em nosso sistema nervoso hormônios como endorfina e serotonina, também chamados de “hormônios do prazer”, substâncias químicas produzidas pelo cérebro essenciais para diversas funções físicas e psicológicas e que estão diretamente relacionadas às sensações de relaxamento, alegria, motivação e bem-estar geral.

Eles são ingredientes facilmente encontrados em alimentos ultraprocessados. Por sua facilidade de localização e preparo no dia a dia, essa alimentação acaba virando um placebo para momentos de angústia, estresse, medo e ansiedade. Geralmente, episódios de ansiedade pedem uma resposta imediata de alívio e, com o tempo, ficamos cada vez mais dependentes dessa descarga de prazer instantâneo.

Descontar constantemente as frustrações na comida difere do consumo excessivo esporádico. O alerta deve ser aceso quando episódios recorrentes de ingestão de uma grande quantidade de alimentos em um curto espaço de tempo acontecem. Esses episódios podem ocorrer por diversos motivos, desde uma predisposição genética a gatilhos mentais específicos. É importante estar preparado para buscar ajuda profissional se for necessário.

O tratamento para a compulsão alimentar envolve a parte física e emocional do paciente, com diversos profissionais atuando simultaneamente como nutrólogos, psicólogos e até psiquiatras, caso exista a necessidade de um tratamento medicamentoso.

Para os casos mais brandos, adaptar a rotina com boas noites de sono e exercícios físicos podem ajudar. Privação de sono leva a altos níveis de ansiedade, pois dispara as regiões que trabalham com os processos emocionais e também regulam nossas sensações. Já a prática de exercício físico traz benefícios para o sistema circulatório e auxilia em uma maior produção de endorfina e serotonina.

É importante lembrar que alimentos não são apenas fontes de nutrientes. Eles estão presentes nas nossas cerimônias culturais e interações sociais, e por isso é essencial uma relação harmônica com a alimentação. A dependência emocional alimentar não ocorre do dia para a noite, portanto, não se deve esperar uma reversão desses hábitos instantaneamente: requer muita paciência e  resiliência para manter uma nova rotina alimentar. Permanecer no presente e reconhecer os sinais de “escape mental” do nosso corpo é um passo muito importante para passar por esse obstáculo.

 

Thais Eloy

thais.eloy@gmail.com

 


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